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Tributação de Lucros e Dividendos onde está o erro do governo?

A discussão sobre a tributação de lucros e dividendos no Brasil é um tema recorrente e complexo, com diversas propostas legislativas tramitando no Congresso Nacional.

O Projeto de Lei (PL) 307/2021 foi um dos mais debatidos nos últimos anos e visava estabelecer a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre lucros e dividendos distribuídos por empresas a pessoas físicas ou jurídicas. A proposta previa uma alíquota de 10% sobre esses rendimentos.

No entanto, a aprovação desse projeto enfrentou diversas resistências e, até o momento, não foi sancionado pelo Presidente da República.

É importante ressaltar que o cenário legislativo é dinâmico e novas propostas podem surgir ou modificações podem ser feitas nos projetos existentes.

O argumento do governo de que outros países tributam lucros e dividendos, enquanto o Brasil ainda não, é um ponto crucial na discussão sobre a reforma tributária. No entanto, essa afirmação, por si só, não justifica a necessidade de implementar essa tributação no Brasil. É preciso analisar o contexto mais amplo e considerar diversos fatores antes de tomar uma decisão.

Por que esse argumento pode não ser suficiente:

  • Sistema tributário complexo: O Brasil possui um sistema tributário considerado um dos mais complexos do mundo, com diversas camadas de impostos e altas alíquotas. A implementação de um novo imposto, como o sobre lucros e dividendos, poderia aumentar ainda mais a carga tributária sobre empresas e indivíduos, desestimulando a atividade econômica e o investimento.
  • Competitividade: A tributação de lucros e dividendos poderia tornar o Brasil menos competitivo em relação a outros países, especialmente em setores que exigem alto investimento. Isso poderia levar à saída de empresas do país e à diminuição da geração de empregos.
  • Distribuição de renda: A tributação de lucros e dividendos não necessariamente garante uma melhor distribuição de renda. É preciso analisar como os recursos arrecadados serão utilizados e se haverá um impacto real na redução da desigualdade social.
  • Eficiência: A criação de um novo imposto exige a construção de uma estrutura administrativa complexa, o que pode gerar custos adicionais para o governo e para os contribuintes. Além disso, é preciso garantir que a arrecadação seja eficiente e que não haja evasão fiscal.

Outros pontos a serem considerados:

  • Impacto na economia: A tributação de lucros e dividendos pode ter um impacto significativo na economia, afetando o consumo, o investimento e o crescimento.
  • Consequências para o mercado de capitais: A tributação de dividendos pode desestimular a poupança e o investimento em ações, afetando o funcionamento do mercado de capitais.
  • Alternativas: Existem outras formas de aumentar a arrecadação, como a simplificação do sistema tributário, o combate à evasão fiscal e a otimização dos gastos públicos.No entanto o governo tem dificuldades em aceitar que mesmo batendo recordes de arrecadação, como vem batendo, a conta não vai fechar se não diminuirem os gastos públicos.

Em resumo, a decisão de tributar lucros e dividendos no Brasil não é simples e exige uma análise cuidadosa de todos os aspectos envolvidos. É preciso considerar os impactos econômicos, sociais e políticos, além de buscar soluções que sejam justas, eficientes e que contribuam para o desenvolvimento do país.

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